sábado, 28 de janeiro de 2012

De tão irreal parece até conto de fadas

Era uma vez um Centro de Cultura que exibia filmes de segunda a sexta na última semana de cada mês, às 19h... Certo dia, uma menina chamada Luana, ao término de sua última aula de dança, foi dar uma olhada nos papéis que geralmente ficam na recepção, informando sobre o que acontecerá na cidade... Ficou sabendo dessa atividade que o Centro de Cultura propunha mensalmente, interessando-se, decidiu ir assistir o filme...
Chegando lá, deparou-se com uma arquitetura impressionante e um espaço pronto a oferecer cultura e conhecimento para quem estivesse disposto a recebê-los...
Mas ao entrar na sala que exibiria o filme assustou-se com o pequeno número de pessoas que havia. Então ela pensou: Que estranho! Uma atividade tão interessante e tão mal aproveitada pela população... Certamente chegarão mais pessoas, afinal, ainda faltam 10 minutos para o início do filme.
O filme começou e mesmo número de pessoas permaneceu na sala... Luana se encantou com o filme, pois sempre teve grande interesse por filmes brasileiros, mais ainda pelos que se tratavam da cultura do país.
Ao término do filme, Luana contou pela última vez o número de pessoas, para se certificar que não havia errado e o resultado foi o mesmo: seis pessoas contando com ela. Então, Luana saiu do Centro de Cultura com o sentimento dividido, por um lado a satisfação por ter descoberto o espaço e suas atividades; por outro, a insatisfação em perceber que estavam sendo tão mal aproveitados.
Parece conto de fadas, não é? Ou não, pois contos de fadas têm final feliz! Mas isso realmente aconteceu e continua acontecendo em toda última semana do mês desde que eu conheci o Centro de Cultura Belo Horizonte. Você pode estar pensando que os filmes exibidos são super chatos e desinteressantes, aí estaria explicado o pequeno número de pessoas, mas na verdade não. São filmes incríveis que sempre prendem minha atenção e me deixam encantada...
Para ser sincera, não consigo entender como a população prefere pagar para ver a história de uma prostituta que só teve exibido um filme sobre sua história por usar um blog para se vender e conseguir fazer sucesso com isso, em vez de assistir gratuitamente um filme sobre Vladimir Herzog, personalidade política assassinada na época da ditadura militar brasileira. Herzog tem uma história tão polêmica que sinto um êxtase imenso só de ouvir seu nome.
Vejo a sociedade rejeitando cultura e todo instante... Em contraponto, também vejo gente cobrando por mais cultura, e apesar de ter certo apreço por essas pessoas, não consigo entender muito bem as reivindicações apresentadas, afinal nem a cultura que é oferecida é aproveitada. É extremamente decepcionante ver o trabalho que dá montar algo para engrandecer as mentes e abrir novos horizontes para quem vê, sendo aproveitados por meia dúzia de pessoas e não me refiro apenas às atividades cinematográficas.
Percebo uma grande necessidade de reforma intelectual na mente da maioria da população, claro que todos têm o direito de gostar do que bem entender, mas é interessante pensar: o que essa escolha vai me acrescentar? Se todos fizessem essa reflexão antes de escolher talvez a realidade do país fosse diferente e provavelmente lugares como o Centro de Cultura Belo Horizonte estariam lotados, pois sempre que vou lá, trago um novo conhecimento comigo...
Se fosse um conto de fadas, eu poderia pedir para a fada madrinha fazer crescer o interesse por cultura e o pedido provavelmente se realizaria. Mas como vivemos a realidade, tudo que posso esperar é que as pessoas que lerem esse texto façam ao menos uma reflexão.

(Luana Costa)

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